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Na última postagem falei sobre o Setembro Amarelo, campanha de prevenção do suicídio. Sim, eu sei, é desagradável falar sobre suicídio… Mas precisamos entender que é justamente essa omissão, esse silêncio que o está tornando um dos grandes campeões de óbitos, por isso a campanha. Ok… Óbito, também é um assunto que você costuma rejeitar, então, vamos falar de depressão? É mais fácil porque é um termo que está bombando… 🙄 😕
Atualmente algumas terminologias que designam doenças/transtornos médicos são usados no dia-a-dia com o seu sentido bastante desvirtuado. É comum ouvir-se dizer: “fulano está deprimido”, “sicrano é depressivo”, “beltrano é completamente bipolar”, “aquela pessoa é transtornada” e até mesmo o termo “sequelado” virou uma gíria comum do carioca. É como se essas denominações descrevessem apenas um sentimento com uma causa determinada num momento de crise em que nos abatemos e que logo irá passar ou uma forma de atribuir alguma característica a um comportamento momentâneo de uma pessoa. 🙁
Não! Não é assim que funciona! Muitos de nós médicos ficaríamos felizes se fosse assim. Acontece que depressão é uma doença, um distúrbio neuroquímico, que pode durar dias, horas meses ou mesmo uma vida inteira.
Ainda sobre a banalização dos termos médicos, até hoje é comum usar o termo “loucura” como uma coisa excepcionalmente positiva. “Louco”, “maluco” passaram a expressar também carinho e até admiração, enquanto os portadores de distúrbios e doenças mentais passam longe do nosso carinho, consideração ou apoio. O estigma para as doenças da mente está longe de ser extinto e por isso muitos portadores de depressão, evitam o diagnóstico, sentem-se desconfortáveis com a reação das outras pessoas o que só piora o seu quadro, permitindo que a doença avance silenciosamente enquanto envergonhados pela imagem que podem passar aos outros calam-se fingindo o quanto e enquanto podem que está tudo bem. Agora, imaginem uma pessoa com uma doença como câncer, AIDS, tuberculose fugir do tratamento para não ficarem mal vistas por seu grupo social ou sua família por exemplo. Não, essas pessoas não são loucas, elas apenas necessitam desesperadamente se sentir dentro do contexto da normalidade e o nosso preconceito e indiferença as impede de buscar a ajuda necessária.
Vivemos numa sociedade onde questões tão sérias como depressão e sua maior potencial conseqüência , o suicídio, não são abordadas como seria necessário impedindo o tratamento, a qualidade de vida das pessoas que sofrem com esse mal e o seu distanciamento do meio social, seu aprisionamento na solidão.
Depressão não é tristeza, nem frescura, é doença! A tristeza assim como a alegria tem origem em algum motivo, são sentimentos que fazem parte naturalmente da vida e que não tem a duração contínua, bem diferente da depressão que não depende de um fato para que aconteça e tem ação contínua sobre o indivíduo, podendo inclusive causar sensações de incômodo físico, interfere no sono, alimentação e dificuldades de realizar suas atividades, inclusive as que lhe dão prazer. Entenda bem: Atividades que dão prazer! Podendo ser sair para passear, se divertir e até mesmo fazer sexo. Portanto, é necessário diferenciar a depressão do sentimento de tristeza ou desânimo. Depois, é preciso diagnosticar corretamente a depressão que não tem cura, mas tratada adequadamente traz qualidade de vida para o paciente possibilitando a redução das crises agudas e atenuando a intensidade quando estas acontecem.
O tratamento inclui medicação, psicoterapia e prática de atividades físicas de preferência concomitantemente e o objetivo do tratamento proposto tem que ser a melhora completa de todos os sintomas do quadro depressivo apresentado a fim de evitar ou minimizar possíveis recaídas. Frequentemente, apesar dos sinais, as pessoas demoram a descobrir que estão efetivamente deprimidas e isto ocorre por vários motivos. A falta de hábito de se consultar com um psiquiatra (as pessoas estão demorando um pouco a perceber que a Psiquiatria é apenas um segmento da medicina) também, como foi dito acima, porque o quadro depressivo ocasiona sintomas como cansaço, dores musculares e de cabeça, capazes de confundir o diagnóstico. Um outro complicador para o tratamento é a inibição, a vergonha que as pessoas sentem, permanecendo muito tempo sofrendo em silêncio. Num contexto social onde a prioridade é curtir a vida, ser bem sucedido, quantas vezes não aconteceu de tantos de nós nos recusarmos a atender aquele amigo que até já tentamos e não conseguimos levantar o astral? Precisamos alterar essa ótica, entendendo que a depressão é uma doença que afeta além do físico, o comportamento e não tenhamos mais essa ação de omissão de socorro. Portanto, não fique triste se o seu médico ao final de algumas tentativas o encaminhar a um psiquiatra, nem zombe do amigo que pense nessa alternativa. Às vezes o psiquiatra é o cara! Só ele poderá ajudar com eficiência e profissionalismo. Precisamos estar atentos, como doença, a depressão pode atingir crianças, sim existe depressão infantil e isso nada tem a ver com a capacidade dos pais de educarem seus filhos. Falarei disso num outro post.
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